sábado, 25 de maio de 2013

Subsídios II




MARIA AMÉLIA DE VASSIMON, JOSÉ GARCIA DUARTE

Baronesa e Barão da Franca

 sua ascendência comum


 Apresentação
                  Dentro de nossa proposta de fornecermos SUBSÍDIOS GENEALÓGICOS PARA A HISTÓRIA DA REGIÃO ENTRE O RIO PARDO, NO ESTADO DE SÃO PAULO, E O RIO GRANDE, NO ESTADO DE MINAS GERAIS, referentes a personagens ligados à formação das cidades de Jacuí, Ibiraci e Franca, apresentamos, neste fascículo, dados genealógicos de Maria Amélia de Vassimon, a Baronesa da Franca, e de seu primeiro marido José Garcia Duarte, o Barão da Franca. Estas informações vêm acrescentar e esclarecer o que já há publicado a respeito desses dois vultos da História Regional, embora haja muito, ainda, que se pesquisar sobre a genealogia dos Barões.
         Neste nosso trabalho mostramos a ascendência materna da Baronesa, que tem origem, entre outras, nas famílias Alves Taveira e Garcia, sendo que por esta última fica caracterizada a ascendência comum do casal.
         Este texto, já o publicamos no livro da Semana dos Museus promovida pelo Museu Histórico Municipal de Franca “José Chiachiri”, em maio de 2013.

Sônia Regina  Belato de Freitas Lelis
Walter Antônio Marques Lelis


                                        Dedicamos este trabalho ao incansável pesquisador histórico José Limonti Júnior, e à comunidade ibiraciense, donde Maria Amélia de Vassimon é filha ilustre.


                          Agradecemos a todos aqueles que nos incentivam a continuarmos com nossas pesquisas, especialmente à Profa. Graziela Alves Correa, Diretora do Arquivo Histórico Municipal de Franca “Cap. Hipólito Antonio Pinheiro”, ao pesquisador José Limonti Júnior, da PROBRIG de Ibiraci, à Profa. Margarida Borges Pansani, Diretora do Museu Municipal de Franca “José Chiachiri”, bem como aos seus respectivos funcionários, que tão bem nos recepcionam e auxiliam.      
        Queremos também registrar o eficiente atendimento que nos prestaram os membros da Igreja Mórmon de Franca; os funcionários do Centro de Memória Histórica de Passos-MG; a Srª Maria Cristina Osório de Menezes Freitas, do Cartório do Primeiro Ofício e de Protesto de Títulos e Letras de Franca; os historiadores Elza Maria Carvalho Valladão, do Centro de Estudos Campanhense Mons. Lefort, e Luis Renato T. Lima, do Museu Municipal Histórico e Pedagógico “Alfredo e Afonso de Taunay”, de Casa Branca-SP.
        Ao Prof. Dr. Oswaldo Mário Serra Truzzi, autor do livro “Memorial dos Vassimon, Trajetória familiar de emigrantes da Revolução Francesa a Portugal e ao Brasil”, nosso especial agradecimento.


 I
 Breve genealogia de Maria Amélia de Vassimon

              Maria Amélia de Vassimon nasceu aos 26 de Maio de 1859 e foi batizada aos 19 de Junho desse mesmo ano, em Nossa Senhora das Dores do Aterrado, atual Ibiraci-MG, filha de Nicolau Tolentino Cachedenier de Vassimon e de Maria Rita Carolina de Vassimon.

 Assento do Batizado de Maria Amélia de Vassimon
        
          Sua mãe, Maria Rita Carolina, nascida pelo ano de 1829, faleceu aos 14 de Novembro de 1891, em Franca-SP, onde foi sepultada no Cemitério da Saudade, em jazigo para ela construído pela filha Baronesa da Franca.
.        Seu pai, Nicolau Tolentino, nascido pelo ano de 1812, em Lisboa, Portugal, chegou ao Rio de Janeiro no ano de 1830. Em seu registro de estrangeiro consta que era de estatura ordinária, claro, cabelos castanhos, olhos azuis, nariz regular, boca direita, rosto comprido.[1]
Ainda solteiro teve dois filhos. “O primeiro deles, José Tolentino de Vassimon, nasceu em 1831, quando Nicolau contava apenas 19 anos. Do segundo, só sabemos o seu nome: Joaquim José de Vassimon”.[2]
         Nicolau Tolentino foi caixeiro viajante. Provavelmente, sua profissão o tenha levado ao Aterrado (Ibiraci-MG), onde se casou, pelo ano de 1848, com Maria Rita Carolina. Faleceu aos 12 de Setembro de1863, de inflamação, e foi sepultado, solenemente, no Adro da Matriz de Nossa Senhora das Dores, no Aterrado (Ibiraci-MG). Foi inventariado em 1864 pela mulher Maria Rita Carolina, à época, grávida do nono filho do casal.
         Nicolau Tolentino legou aos descendentes um monte-mor de 6.023$901 (seis contos, vinte e três mil, novecentos e hum réis) em jóias, ouro; dinheiro em espécie, prataria; louça fina; bebidas; tecidos, inclusive franceses; mercúrio; balança; chumbo; armas; ferramentas; arreios; animais equinos e bovinos; escravos; terras na fazenda do Charquinho, no Distrito do Aterrado (Ibiraci-MG); um pasto no patrimônio do Aterrado (Ibiraci-MG), e uma casa no Aterrado (Ibiraci-MG), com os seus fundos, ou frente, no Largo da Matriz, avaliada em 2.300$000, a qual acreditamos possa ser onde está instalada, atualmente, a sede da PROBRIG. As dívidas passivas totalizavam 2.759$830. As Dívidas Ativas somavam mais de 3.200$000, com mais de cem devedores, locais e da região, o que nos leva a opinar ter sido ele comerciante estabelecido.
         Com a morte de Nicolau Tolentino, Maria Rita Carolina conseguiu a tutela de seus filhos órfãos, conforme Termo de Tutela datado de 26 de Agosto de 1864. Do processo, além de outros, consta o depoimento do Padre Fortunato José da Costa, Pároco da Freguesia de Dores do Aterrado (Ibiraci-MG), onde o mesmo afirmou que Maria Rita Carolina
[...] hé ornada de habilitaçoens, e digna de ser Tutora de seus filhos menores, e como viuva seu procedimento tem sido regular, tem bastante equinomia, para bem regularizar a adminstração dos bens de seus filhos e athé tem bastante actividade pª o comercio [...].[3]
         Maria Rita Carolina e Nicolau Tolentino geraram nove filhos dos quais quatro chegaram à idade adulta, além de Maria Amélia:
                   1- Joaquim Sérvulo de Vassimon, batizado aos 06 de Janeiro de 1850, com 14 dias, na Matriz de Nossa Senhora das Dores do Aterrado-Ibiraci-MG. Casou-se com Maria Cândida de Jesus, viúva por óbito de Francisco Thomaz Garcia. Geraram pelo menos quatro filhos.
                   2- Maria Carolina de Vassimon, nascida pelo ano de 1856 em Nossa Senhora das Dores do Aterrado-Ibiraci-MG. Casou-se com João Carlos de Vilhena, filho do Cap. Antônio Carlos de Vilhena e de Maria de Sant’Ana Vilhena. Geraram oito filhos.
                   3- Maria Arlinda (Olímpia) de Vassimon, nascida aos 07 de Agosto de 1860 e batizada aos 08 de Setembro do mesmo ano, em Nossa Senhora das Dores do Aterrado-Ibiraci-MG. Casou-se com José Carlos de Vilhena, filho do Cap. Antônio Carlos de Vilhena e de Maria de Sant’Ana Vilhena. Foram pais de sete filhos.
                   4- Maria Eugênia de Vassimon, batizada aos 24 de Junho de 1864, com 20 dias, em Nossa Senhora das Dores do Aterrado-Ibiraci-MG. Casou-se com José Vicente Evilásio de Lima, filho de José Manoel de Lima e de Maria Laudemira Cândida de Jesus. Com geração.
         Maria Rita Carolina de Vassimon, em estado de viúva, foi mãe de:
                   5- Maria Placidina de Vassimon, nascida aos 14 de Junho de 1867 e batizada no dia 24 do mesmo mês e ano, em Nossa Senhora das Dores do Aterrado-Ibiraci-MG. Casou-se com o médico Dr. Domenico De Lucca, Barão de Strazzari[4], nascido pelo ano de 1840, em Celle di Bulgheria, Salerno, Campania, Itália[5], e falecido aos 06 de Outubro de 1904, em Franca-SP. Dessa união nasceram oito filhos.
                   6- Maria Deolinda de Vassimon, batizada aos 18 de Maio de 1871, com 16 dias, em Nossa Senhora das Dores do Aterrado-Ibiraci-MG. Casou-se com José Justino de Andrade.
         Maria Amélia de Vassimon era, pelo lado paterno:
                   - Neta do francês François-Antoine Benoit Cachedenier de Vassimon (Barão de Vassimon) e da lisboeta Mariana do Carmo Machado;
                   - Bisneta de Antoine Benoit Cachedenier de Vassimon (Barão de Vassimon) e Barbe Charlotte Comeau.
.        Pelo lado materno:
                   - Neta de Joaquim Alves Garcia e Jesuína Moreira da Rocha;
                   - Bisneta de José Luiz Garcia e Escolástica Maria de São José;
                   - Trineta de Mateus Luiz Garcia e Francisca Maria de Jesus; de Joaquim Alves Taveira e Maria José do Espírito Santo, casal este tronco dos “Alves Taveira” da região de Franca, Ibiraci e Claraval;[6]
                  - Tetraneta de Diogo Garcia e Júlia Maria da Caridade, uma das famosas “três ilhoas”; de José Martins Borralho e Teodora Barbosa de Lima; de Manoel Alves Taveira e Josefa Leme de Lima. Manoel e Josefa, casal que deu origem à Família Alves Taveira no Sul de Minas, Brasil;
                   - Pentaneta de Mateus Luiz e Ana Garcia;
                   - Hexaneta de Diogo Rodrigues e Bárbara Duarte.

                                                       Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores de Ibiraci-MG,
onde foi batizada Maria Amélia de Vassimon, e  celebrado o seu matrimônio
com José Garcia Duarte. Foto do acervo dos autores.


II
Breve genealogia de José Garcia Duarte

         José Garcia Duarte foi batizado, “com Provisão da Vara desta Comarca”, pelo Reverendo Felippe [...], aos 28 de Novembro de 1825, conforme assento às fls. 80, do Livro nº 1 de Batizados da Freguesia do Senhor Bom Jesus da Cana Verde dos Batataes, atual Batatais-SP.

       Assento do Batizado de José Garcia Duarte, Barão da Franca

       De acordo com o Maço de População[7] de Batatais-SP do ano de 1825, José morava no Fogo nº 25 daquela localidade em companhia de seu pai, o Alferes Antônio Garcia (Duarte), 36 anos (que sabia ler e escrever), de sua mãe, Ana Vitória (de São José), 25 anos, de seu irmão Francisco, 7 anos, de suas irmãs Maria, 5 anos, e Ana, 2 anos, e de cinco escravos. Viviam do ofício de ferreiro de seus escravos.

 Recorte do Mapa de População de Batatais-SP de 1825,
disponível no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo

         Em 1835 a família aparece no Maço de População de São Simão-SP, com escravos, criando porcos, plantando milho, arroz e feijão.
         Em 1842, segundo o conceituado genealogista José Guimarães, o Alferes Antônio Garcia Duarte teria sido eleito vereador da primeira Câmara constituída no município de Casa Branca-SP. 

       Antes de se estabelecer em território paulista, oriunda de Minas Gerais, a família de Antônio Garcia Duarte residiu em Pouso Alegre-MG, onde foi batizada a filha Ana aos 23 de Dezembro de 1823.
         Pelo lado paterno, José era:        
                    - Neto de José Gracia Duarte, natural da Ilha do Fayal, e de sua segunda mulher, Maria do Rosário;
                   - Bisneto de Antônio Gracia e de sua primeira mulher, Maria Josefa de Santo Antônio, ambos naturais da Ilha do Fayal;
                    -Trineto de Francisco Rodrigues e Francisca Gracia; de Paschoal Rodrigues e Maria da Paixão;
                   - Tetraneto de Diogo Rodrigues e Bárbara Duarte; de Antônio Gracia e Maria Correa.
         Pelo lado materno, o Barão era[8]:
                   - Neto de José Borges da Costa[9] e Ana Maria da Trindade;
                   - Bisneto de Domingos Borges da Costa e Madalena Cardoso; de Sebastião Francisco Pereira e Maria Guedes de Gusmão;
                   - Trineto de Antônio Borges da Costa e Maria Gonçalves; de Manoel Vaz Guimarães e Antônia Cardoso;
                   - Tetraneto de Antônio Vaz e Ana Francisca; de João Rabelo de Castro e Maria Bicudo.
         José Garcia Duarte casou-se, em primeiras núpcias, com Ana Cândida Junqueira, nascida pelo ano de 1839. Falecida em Franca-SP, aos 29 de Outubro de 1872, filha de José Bernardes da Costa Junqueira e de Inácia de Andrade Junqueira. A celebração, embora não tenhamos localizado o assento do casamento, teria sido realizada na Fazenda do Bebedorzinho, localizada no Termo da Franca[10], em casa dos pais da noiva, conforme Provisão assinada pelo Padre Manoel Coelho Vital, datada de 12 de Setembro de 1853.[11]
         José e Ana Cândida foram pais de:
         1- Firmina Garcia Duarte, batizada em Franca-SP, aos 21 de Junho de 1859, com 30 dias.      Casou-se aos 29 de Julho de 1874, em Franca-SP, com
Luciano Vieira Santiago, natural de Cássia-MG. Com geração.
                   2- Inácia Garcia Duarte, batizada em Franca-SP, com 42 dias de vida, aos 23 de Junho de 1860. Casou-se aos 29 de Julho de 1875, em Franca-SP, com seu primo Antônio Flávio Martins Ferreira, considerado fundador de Avanhandava-SP, filho de Flávio Martins Ferreira e de Inácia Rita de Andrade. Geraram 12 filhos.


III
A Baronesa e o Barão

A Baronesa e o Barão da Franca com a afilhada deles, Maria Carolina de Jesus, mãe do
Sr. Nelson Alves Peixoto. Acervo de José Scarano – Ibiraci-MG

          Maria Amélia de Vassimon e o Coronel José Garcia Duarte, viúvo, receberam-se em matrimônio aos 19 de Fevereiro de 1873, na Matriz de Nossa Senhora das Dores, no Aterrado, atual Ibiraci-MG. Sem geração.

Assento do Casamento de
 Maria Amélia de Vassimon e José Garcia Duarte
       
        O dote que Maria Amélia levou para o casamento, no valor de 7.000$000, recebeu-o do Capitão Antônio Dionísio de Lima, líder político e abastado fazendeiro de Dores do Aterrado (Ibiraci-MG). A partir desse consórcio Maria Amélia passou a assinar Maria Amélia Garcia Duarte.
         Em 19 de Novembro de 1888, o Coronel José Garcia Duarte foi honrado com o título de Barão da Franca, outorgado pelo Imperador D. Pedro II. Desta data em diante, José e Maria Amélia passaram a assinar, e serem citados, como Barão e Baronesa da Franca.
         O Barão da Franca, José Garcia Duarte, faleceu, sem testamento, aos 09 de Fevereiro de 1891, em Franca-SP, conforme Certidão de Óbito, tendo como declarante a Baronesa da Franca. Foi sepultado no Cemitério da Saudade, dessa cidade, em jazigo para ele construído. 

  Certidão de Óbito do Barão da Franca
         
            Maria Amélia casou-se, em segundas núpcias, aos 28 de Janeiro de 1892, em Franca-SP, com o Juiz de Direito Dr. João Antunes de Araújo Pinheiro, nascido aos 17 de Outubro de 1857, na Cidade de Espírito Santo, Comarca de Pau D’Alho, Pernambuco, filho de Antônio Antunes da Silva e de Teresa dos Santos Pinheiro. Com essa união, Maria Amélia, novamente, alterou o seu nome para Maria Amélia de Araújo Pinheiro.  Sem filhos.

A Baronesa e seu segundo marido, Dr. João Antunes de Araújo Pinheiro
Acervo Museu Histórico de Franca
         
         O Dr. João Antunes foi, no ano de 1898, testamenteiro e inventariante do Capitão Antônio Dionísio de Lima, falecido aos 21 de Março de 1897, o qual em seu último testamento de 12 de Março de 1897, ditado em sua residência, à Rua Direita, em Ibiraci-MG, 
[...] disse que não tendo descendentes e nem herdeiros forçado descendentes legítimos, nomeava como seus unicos e universaes herdeiros, as seguintes filhas de Dona Maria Rita Carolina de Vassimon [...]  que são:  Dona Maria Amelia de Araujo Pinheiro, casada com o Doutor João Antunes de Araujo Pinheiro [...]; Dona Maria Arlinda de Vassimon Vilhena, casada com o Capitão José Carlos de Vilhena [ ...]; Dona Maria Eugenia de Vassimon Lima, casada com o Tenente José Vicente Evilazio de Lima [ ... ]; Dona Maria Placidina de Vassimon de Lucca, casada com o medico Doutor Domenico de Lucca [ ... ]; Dona Maria Deolinda de Vassimon Andrade, casada com Jose Justino de Andrade [ ... ]; e alem dessas herdeiras acima descriptas, que nomeava e constituia como sexto herdeiro, os filhos da finada Dona Maria Carolina de Vassimon Vilhena, que fôra casada com João Carlos de Vilhena [ ... ][12]

         O Dr. João Antunes de Araújo Pinheiro faleceu aos 05 de Fevereiro de 1914, em Franca-SP, com testamento no qual declara
[...] que no dia vinte e oito [...], guiado por uma felis estrela, casou-se com Dona Maria Amélia Antunes Pinheiro. [...] e, confessa elle testador que, na via dolorosa em que se vio envolvido, vendo diante de si um vácuo, perdidas a sua fé e esperança, encontrou em sua mulher Dona Maria Amélia de Araújo Pinheiro, uma resignação evangélica, porquanto ella, sem uma palavra acre, sempre dedicada, aconselhava-lhe coragem, acompanhando-o como uma Esposa estóica e exemplar, e inspirando-lhe os verdadeiros sentimentos de caridade. É facto, disse o testador, que sentiu, conheceo e vio que a bôa Esposa é o sopro divino que levanta no coração do homem a precisa coragem para a luta da vida, e o bem estar, e elle testador teve essa próva, pois sua mulher o amparou, zelando sempre pela sua pessôa na crise que decorreo [...] que, agradecido, e muito a sua companheira na vida, pede-lhe perdão de quaisquer faltas que por ventura lhe tenha magoado, sendo certo que sempre procurou cumprir com os deveres de esposo extremoso. [...][13]

         Foi sepultado no Cemitério da Saudade de Franca-SP em jazigo para ele construído pela Baronesa da Franca.
         Após a morte de seu segundo marido, Maria Amélia permaneceu viúva até falecer.
         Maria Amélia fez dois testamentos públicos, que integram seu inventário, escritos no 4º Ofício de Notas, na cidade do Rio de Janeiro, um no ano de 1923, e o outro no ano de 1925. No primeiro, datado do dia 21 de Julho de 1923, declarou ser filha natural de Antonio Dionísio de Lima e de Maria Rita Carolina de Vassimon. Contudo, no segundo, do dia 06 de Maio de 1925, disse ser filha legítima de Nicolau Tolentino de Vassimon e de Maria Rita Carolina de Vassimon. Essas suas afirmações serviram, entre outras argumentações, para embasar uma apelação judicial, julgada improcedente, promovida por seu irmão Joaquim Sérvulo de Vassimon e outros contra o Espólio, em razão de não ter a Baronesa, em suas disposições testamentárias, contemplado os seus parentes “[...] por não ter delles motivo de gratidão. [...]”
         Maria Amélia faleceu aos 28 de Março de 1929, em Franca-SP, onde foi sepultada no Jazigo do Barão da Franca, seu primeiro marido, no Cemitério da Saudade, conforme seu pedido em testamento, e documento comprobatório constante de seu inventário.

 Jazigo onde foram sepultados Maria Amélia de Vassimon e José Garcia Duarte, os Barões da Franca,
existente no Cemitério da Saudade em Franca (SP) – Foto acervo dos autores

.        Os legados que a Baronesa da Franca deixou foram, conforme sua vontade, encaminhados por seu testamenteiro e inventariante, Higino de Oliveira Caleiro, à Santa Casa de Misericórdia e a várias igrejas da cidade de Franca; aos pobres e à Igreja Matriz de Dores do Aterrado (Ibiraci-MG); aos Santuários de Aparecida do Norte-SP e de Bom Jesus de Pirapora-SP.
         Era também seu desejo que se construísse um asilo-colônia para os portadores de hanseníase da cidade de Franca. Todavia, em razão de os mesmos terem sido removidos para o Asilo-Colônia de Cocais, em Casa Branca, acordou-se direcionar os recursos para a construção de um pavilhão naquele sanatório com o nome da Baronesa da Franca.[14]
           Igualmente pretendia a Baronesa a criação de um asilo para órfãos em seu sobrado localizado à Praça Barão, antigo Largo da Aclamação. Mas por não ser o imóvel adequado para a função, decidiu-se construir um pavilhão, para essa finalidade, junto ao Asilo São Vicente de Paulo, o qual levaria o seu nome, e cuja manutenção seria obtida com a renda gerada pelo arrendamento ou locação do citado sobrado.

 Palacete da Baronesa, terceiro prédio da esquerda para a direita


IV
Ascendência comum da Baronesa e do Barão da Franca

         É na Família Garcia que se encontra a ascendência comum de Maria Amélia de Vassimon e de José Garcia Duarte.
          De acordo com os genealogistas José Guimarães, Cid Guimarães, Ari Florenzano, Roberto V. Martins e Marta Amato, do casal tronco Diogo Rodrigues e Bárbara Duarte originaram-se três ramos: Diogo Garcia, do qual descende a Baronesa da Franca, Garcia Duarte, ao qual pertence o Barão da Franca, e Garcia Leal.  Porém, por ser o sobrenome Garcia de origem patronímica, há diversas famílias que o adotaram sem proveniência comum. Encontra-se grafado, além de Garcia, como Garcês, Garcez e Gracia.
         Os que vieram para a região de Franca-SP e Ibiraci-MG, a partir do século XVIII, são descendentes de portugueses procedentes da Ilha do Faial, Arquipélago dos Açores, que se fixaram primeiramente no Sul de Minas Gerais.

 

Diogo Rodrigues cc Bárbara Duarte


Ana Garcia
cc
Mateus Luiz

Francisco Rodrigues
cc
Francisca Garcia




Diogo Garcia           
cc
Júlia Maria da Caridade

Antônio Garcia
cc
Maria Josefa de Santo Antônio




Mateus Luis Garcia
cc
Francisca Maria de Jesus

José Garcia Duarte
cc
Maria do Rosário




José Luis Garcia
cc
Escolástica Maria de S José

Antônio Garcia Duarte
cc
Ana Vitória de São José




Joaquim Alves Garcia
cc
Jesuína Moreira da Rocha

José Garcia Duarte

Barão da Franca




Maria Rita Carolina
cc
Nicolau Tolentino C. de Vassimon





Maria Amélia de Vassimon

Baronesa da Franca















Referências Bibliográficas
BARROS, José Fernando Cedeño de. A Família Rocha Povoadora de Santa Rita do Passa Quatro. In: Revista da ASBRAP nº 4, 1997.
DI GIANNI, Tércio P., Italianos em Franca. Franca, SP: UNESP Campus de Franca, 1997.
FLORENZANO, Ari. Genealogia Mineira: Taveiras. Anuário Genealógico Brasileiro, volumes VIII e X. Instituto Genealógico Brasileiro, 1946 – 1948.
GUIMARÃES, José. As Três Ilhoas. Obra póstuma. Organizada por Roberto Vasconcelos Martins e Leide Morais Guimarães, 1990.
GUIMARÃES, José. Os Garcias. Voz Diocesana, Campanha-MG, Ago-Set-Out.1959.
TOCALINO, Luiz Carlos; QUEIROZ, Isaura Inês M. R.  A Descendência de João Garcia de Carvalho, filho de Manoel Garcia Leal, Campinas, SP: Edição dos Autores, 2007.
TRUZZI, Oswaldo Mário Serra. Memorial dos Vassimon, Trajetória familiar de emigrantes da Revolução Francesa a Portugal e ao Brasil. São Carlos, SP: Rima Editora, 2001.


Referências Digitais
https://www.familysearch.org
www.arquivoestado.sp.gov.br


Instituições Consultadas
Campanha-MG
Centro de Estudos Campanhense Monsenhor Lefort
Casa Branca-SP
Museu Municipal Histórico e Pedagógico “Alfredo e Afonso de Taunay”
Franca-SP
Arquivo Histórico Municipal  “Cap. Hipólito Antônio Pinheiro”
Cartório do Primeiro Ofício e de Protesto de Títulos e Letras
Museu Histórico Municipal “José Chiachiri”
Ibiraci-MG
Paróquia de Nossa Senhora das Dores
PROBRIG – Protetores da Bacia do Rio Grande
Passos-MG
Centro de Memória Histórica


[1] RODRIGUES, José Honório. Nota liminar. In: Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Registro de Estrangeiros 1831-1839.Rio de Janeiro: Publicações do Arquivo Nacional, 1962, p.V, apud Oswaldo Mário Serra Truzzi, 2001, p.126.
[2] TRUZZI, Oswaldo Mário Serra. Memorial dos Vassimon. São Carlos: Rima, 2001, p.153.
[3] CENTRO DE MEMÓRIA HISTÓRICA DE PASSOS-MG. Inventário de Nicolau Tolentino de Vassimon, 1864.  Pasta 012, Documento 001.
[4] Em Franca, ainda que não tenham tido uma participação de primeiro plano na política no período da Primeira República, a participação dos imigrantes e/ou de seus descendentes no cenário local não pode ser ignorada. Destaque deve ser dado à rápida absorção pela oligarquia francana de figuras como a do farmacêutico Caetano Petraglia e a do médico Domenico De Lucca, que se apresentava com o título de Barão de Strazzari. Ambos se identificavam como o que Warren Dean chamou de uma "burguesia imigrante", ou seja, imigrantes que vieram para o Brasil com certo capital e, assim, puderam investir em terras, negócios urbanos e no comércio. Oswaldo Truzzi; Maria Teresa Miceli; Agnaldo de Souza Barbosa. Rev.bras.Ci.Soc.vol.27 no.80 São Paulo Oct. 2012. Disponível em: <www.scielo.br>. Acesso em: 25.01.2013. 15h50. 
                Contudo, o Dr. Domenico, que também foi o primeiro presidente da Fratelli Italiani Uniti, em Franca-SP, por ocasião de sua morte, teve seus bens leiloados para pagamento de dívidas.   

[5] DI GIANNI, Tércio P., Italianos em Franca. Franca, SP: UNESP Campus de Franca, 1997.
[6] A genealogia completa dos Alves Taveira está  em GENEALOGIA DE FAMÍLIAS, ORIUNDAS DE MINAS GERAIS QUE SE INSTALARAM, A PARTIR DO SÉC.XVIII, NA REGIÃO DE FRANCA-SP E IBIRACI-MG, a ser publicada pelos autores deste trabalho.
[7] Disponível em: <www.arquivoestado.sp.gov.br>. Acesso em: 20.11.2012. 19h44.
[8] GUIMARÃES, José. Família Borges da Costa. In: Revista da ASBRAP nº 7, São Paulo, 2000, p.225-257.  
[9] Segundo alguns autores, o Barão seria neto de um dos fundadores de Ribeirão Preto-SP. Todavia, o referido fundador é José Borges da Costa (Filho), tio materno do Barão. 

[10] Termo equivale, em significado e abrangência, à moderna palavra município, compreendendo a zona urbana e rural. O Termo de Franca, na época, abrangia os municípios das atuais microrregiões geográficas (IBGE) de Franca e Ituverava.
[11] Interessante notar que no documento original a palavra setembro está grafada como “7bro”, abreviatura utilizada na época.
[12] ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DE FRANCA “CAP. HIPÓLITO ANTÔNIO PINHEIRO”.  Autos de Inventário de Maria Amélia de Araújo Pinheiro. Fundo: Cartório do 1º Ofício, Caixa 209, Documento 206.
[13] CARTÓRIO DO 1º OFÍCIO DE NOTAS E PROTESTOS DE FRANCA. Testamento Público que fez Dr. João Antunes de Araújo Pinheiro. Livro 122, fls. 63, 64 e 65. Respeitada a ortografia original.
[14] No final da década de 20, havia no país uma pandemia de hanseníase, doença então sem cura. Marginalizados, seus portadores não podiam trabalhar e, sem subsistência, mendigavam pelas ruas. Zenaide Lázara Lessa, mestra em Saúde Pública com tese sobre a hanseníase e conselheira da Fundação Paulista Contra a Hanseníase, diz que havia um ambiente de pânico social com relação aos doentes. A Lei Estadual nº 2.416 de 1929, abolida 33 anos depois, determinou o isolamento compulsório, permitindo a criação de uma rede de localização e retenção de doentes. Entre 1928 e 1936, os infectados foram alijados da sociedade paulatinamente. Mas quando se concluiu a rede asilar do país, o isolamento foi em massa. Na época, o governo de Getúlio Vargas fez uma propaganda oficial que mostrava colônias “maravilhosas” para persuadir os doentes à internação voluntária. Conjuntura-Uma análise da hanseníase no país-Revista Ser Médico Edição 34 Janeiro/Fevereiro/Março de 2006. Disponível em: <www.cremesp.org.br>. Acesso em: 24.01.2013. 21h05.





























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